domingo, fevereiro 17, 2008

Meu livre-arbítrio

Tu fizeste meu coração parar.

Quando vi as ruas iluminadas na madrugada, estive certa que a luz saía de meus olhos. Estes que derramaram lágrimas entre seus beijos e dividiram as súplicas com meu coração.

As noites (e tardes, e manhãs) foram longas pela tua ausência, porém divinas contigo em pensamentos.

Fui entregue aos males da paixão e resgatada por tua compreensão encantadoramente pueril.

Fizeste-me esquecer a dor da morte com sabores de meiguice e amparo.

Tens o cheiro mais agradável que todas as essências e mais desejado pelo meu corpo.

És o único motivo da minha consciência perder-se para o anseio de me acalentar em seus abraços.

Caminhar para vida infinita do amor de mãos dadas contigo é meu livre-arbítrio mais autoritário.

sábado, fevereiro 16, 2008

Severo consigo

Preciso Não Esquecer Nada

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.


É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.


O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.


O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.


O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
pois o resto não nos pertence.

 

Cecília Meireles

Intermitências

O mundo seria um caos sem morte.

Meu mundo é um caos sem amor.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

O curso não natural das coisas

Posso compreender se o sol não quiser mais aparecer. É angustiante se mostrar diariamente e estar posto a prova, a análises, a críticas, a exigências. A gente fica insatisfeito se o sol está forte, aquecendo tudo, inclusive a nós. A gente fica insatisfeito se ele se esconde por entre as nuvens e nos deixa o mormaço. A gente fica insatisfeito se ele se dá lugar as chuvas...

Posso compreender se a chuva não mais cair. Afinal, sempre reclamamos dela. Achamos-a chata. Pensamos que ela é um estorvo para andar pelas ruas. Se em muitos dias ela está presente, a insatisfação é quase geral. Pedimos, então, o aparecimento breve do sol.

E o sol aparece e a gente fica insatisfeito...

Por que exigimos tanto? Por que sempre consideramos que algo não está completo? Por que julgamos demasiadamente? Não podemos permitir que as coisas sigam de forma mais natural possível?