quinta-feira, dezembro 04, 2008

De frente para o espelho.

O dia estava lindo hoje. Mas foi no quarto escuro que fiquei.
O tempo (o tal, sempre) me deixou com um espelho.
Ele está despedaçado.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Os sofrimentos da jovem...

Minhas forças ativas degringolaram em inquieta indolência, não posso estar ocioso, mas também não consigo fazer nada. Não tenho nenhuma idéia, nenhuma sensibilidade pelas coisas e os livros me causam tédio, quando faltamos a nós mesmos, tudo nos falta.


E então, como fazer?

segunda-feira, agosto 25, 2008

Sei que há

a gente quer
a gente cuida
a gente brinca
a gente briga
a gente fica junto
perto
longe
a gente fica
carente
ardente
impaciente

a gente foi
a gente é
é o que foi
foi o que poderia ser

a gente é.

todos são assim. assim todos serão.

Simples Imperfeição que traz o Amor...

domingo, junho 29, 2008

Circuito Curto

Existem dias que durmo com as estrelas. Em outros, adormeço na rua.
Há dias que a alegria me persegue. Mas também a tristeza.
Corro contra o tempo, vou atrás do tempo, me perco no tempo. Que tempo?
Eu não tenho tempo, tenho medo desse tempo. Medo do claro, do escuro, do certo, incerto, que, decerto, é o mais certo para mim.
Dialogo com a desconfiança da confiança e degluto suas palavras em forma de fé. Crença cega, indiscriminada, tendo por base a verdade transcendental. De quê?
Talvez seja a alegria de subir aos céus, dormir alegre e esquecer o tempo - passado e futuro.

domingo, fevereiro 17, 2008

Meu livre-arbítrio

Tu fizeste meu coração parar.

Quando vi as ruas iluminadas na madrugada, estive certa que a luz saía de meus olhos. Estes que derramaram lágrimas entre seus beijos e dividiram as súplicas com meu coração.

As noites (e tardes, e manhãs) foram longas pela tua ausência, porém divinas contigo em pensamentos.

Fui entregue aos males da paixão e resgatada por tua compreensão encantadoramente pueril.

Fizeste-me esquecer a dor da morte com sabores de meiguice e amparo.

Tens o cheiro mais agradável que todas as essências e mais desejado pelo meu corpo.

És o único motivo da minha consciência perder-se para o anseio de me acalentar em seus abraços.

Caminhar para vida infinita do amor de mãos dadas contigo é meu livre-arbítrio mais autoritário.

sábado, fevereiro 16, 2008

Severo consigo

Preciso Não Esquecer Nada

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.


É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.


O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.


O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.


O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
pois o resto não nos pertence.

 

Cecília Meireles

Intermitências

O mundo seria um caos sem morte.

Meu mundo é um caos sem amor.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

O curso não natural das coisas

Posso compreender se o sol não quiser mais aparecer. É angustiante se mostrar diariamente e estar posto a prova, a análises, a críticas, a exigências. A gente fica insatisfeito se o sol está forte, aquecendo tudo, inclusive a nós. A gente fica insatisfeito se ele se esconde por entre as nuvens e nos deixa o mormaço. A gente fica insatisfeito se ele se dá lugar as chuvas...

Posso compreender se a chuva não mais cair. Afinal, sempre reclamamos dela. Achamos-a chata. Pensamos que ela é um estorvo para andar pelas ruas. Se em muitos dias ela está presente, a insatisfação é quase geral. Pedimos, então, o aparecimento breve do sol.

E o sol aparece e a gente fica insatisfeito...

Por que exigimos tanto? Por que sempre consideramos que algo não está completo? Por que julgamos demasiadamente? Não podemos permitir que as coisas sigam de forma mais natural possível?

domingo, janeiro 20, 2008

Conseqüencias do "sem"

Poderia ver diversos filmes de amor, nos quais o fim sempre dá certo, para que, ao acabar, possa rir por saber que tudo aquilo é apenas ficção.
Poderia sair por aí, me distrair com as expressões das pessoas e especular o que elas pensam.
Talvez ficasse a buscar razões que expliquem o motivo dos bebês serem a coisa mais linda e graciosa do mundo.
Passaria meu tempo analisando que tempo é esse que levo para pensar sobre ele mesmo e o que isso acarreta no meu próprio tempo.
Levantaria questões existenciais que nada significam perto do pragmatismo da vida.
Leria os livros obrigatórios - que todo mundo leu - que não li.
Poderia virar muitos copos ou beber todo bar.
Quem sabe usaria drogas para ter alucinações.
De fato, poderia agir e pensar tanto. Poderia muito.
Mas me encontro num estato deplorável de inércia, onde nada existe concretamente - nem ações, nem imaginações ou alucinações. O que existe é a vontade quase inconseqüente de uma expressão que não se expressa e que, absurdamente, se esconde por não saber agir. São pensamentos concretos que não se exprimem por não saberem como fazê-lo.
De incertezas e falta de atitudes vivo, estando certa de que sentimentos de amor e dedicação estão prestes a fugir por algum lugar.

terça-feira, janeiro 01, 2008

Quando passa?

Melhor não dormir. Prefiro permanecer acordada e pensar nos momentos reais. Se dormir, posso sonhar. E sonhar é mergulhar em fantasias e devaneios.
Quando passa? Melhor dormir e sonhar que o tempo seguiu. Ou retrocedê-lo e mudar o rumo dos acontecimentos.
Uma parte se foi, outra ficou. Sinto falta de mim mesmo. Preciso da minha voz, do meu corpo, da minha paz. Preciso ir ao bar, ao cinema, ao teatro, andar por aí... Necessito do encontro comigo. Careço do meu abraço e das horas que eternizo.
Tenho vontade de chorar. Não sabia que poderia me achar. Não sabia que gostava tanto de mim.

Quando passa?

O fato é que já não sei dizer o que aconteceu. Já não sei quando durmo ou acordo. Se tudo que sonhei foi mesmo um sonho meu. Não sei qual dia é hoje. Não sei que horas são. Não sei notar o amanhecer e o chegar da noite.
Para mim, independente do instante do dia, só as estrelas existem. Elas me entendem. Elas me acariciam. Elas vão me trazer de volta.

Mas, quando passa?