domingo, dezembro 31, 2006

Decifra-me ou te devoro

Hold me close and tell me how you feel
Tell me love is real
Words of love you whisper soft and true
Darling I love you
Let me hear you say
the words I long to gear
Darling when you're near
Words of love you whisper soft and true
Darling I love you

Words of love - The Beatles

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Recordações

Quando eu era bem pequena, a árvore de Natal da minha casa era daquelas que tinha as folhas (se é que se pode chamar aquilo de folhas) de plástico vermelho. Lembro que dormia cedo e no dia seguinte, ao acordar, encontrava um presente me esperando embaixo dela. Tinha um embrulho legal, colorido. Minha mãe ficava ao meu lado me vendo desembrulhar o presente.
Tempos depois, um pouco maior, a árvore mudou e eu passava o dia cochilando e esperando a noite chegar. Meu pai ainda passava o Natal aqui. Minha mãe preparava as comidinhas, eu tomava banho e descia pra casa da minha vizinha que a família era grande. Era uma matriarca com suas três filhas e um filho. Uma das moças tinha um casal de filhos, mais ou menos da minha idade, que cresceram comigo. Dizemos que somos irmãos de consideração. É uma amizade de uns quinze anos. Nesta casa era uma festa. Colocavam músicas de sucesso da época e dançávamos muito. Na casa do lado também tinham duas meninas que ficavam na casa dos avós e brincavam com a gente. Então, no dia 24 pro 25, passávamos o Natal juntos. Até que meia noite, alguém se vestia de Papai Noel, sentava numa cadeira no meio da sala e chamava cada criança, entregando os presentes. Acreditava cegamente na figura deste senhor. Como de costume, quando me chamavam, ia envergonhava, dava um beijo no “velhinho”, saia logo e abria o presente. Minha mãe me fitava com um olhar brilhante e um sorriso meigo.
Ainda menina, só um pouco mais velha, continuei a freqüentar as noites de Natal na casa da vizinha. O ritual do dia era o mesmo, com uma ansiedade maior. Descia, dançava, mas tentava manipular as crianças a desmascarar o Papai Noel! Inventava emboscadas pra arrancar a barba dele ou tentava prestar atenção nos pais que estavam sumidos. Porém, no momento em que era chamada pra receber o meu presente, esquecia disto tudo e entrava na fantasia da imagem do bom velhinho. Olhava pro lado e lá estava minha mãe com olhar e sorriso doces.
Teve um presente inesquecível: um rádio com cd. Foi o primeiro da minha casa. Ganhei junto o álbum da Sandy e Junior que vinha aquela música “foi bom sonhaaaar com vocêêê”. Meus pais, meu irmão e vizinhos sofriam comigo cantando e dançando. E meu irmão por perto querendo o meu som pra ouvir Legião Urbana. Comecei a ouvir esta banda neste período. Foi a época que surgia o Mamonas Assassinas também.
Anos depois a árvore se modificou mais ainda. Tornou-se mais sofisticada e crescia sempre um pouquinho. Comecei a ajudar a fazer as comidas (vegetarianas!), principalmente os doces.
Agora, não vou mais pra casa da vizinha de família grande. Sento cansada, depois de um dia trabalhoso, com minha mãe, meu irmão, minha cunhada e os gatinhos. Conversamos, lavamos alguma roupa suja, comemos e trocamos os presentes. Minha mãe continua a nos olhar cheia de carinho...
Minha casa sempre foi simples. E em todos estes muitos anos percebo os cuidados de mantê-la limpinha e gostosa; as comidinhas deliciosas; os presentes muitas vezes irrealizáveis realizáveis...
Toda esta simplicidade e detalhes fizeram não só do meu Natal, como outras datas especiais e dias e mais dias, uma felicidade plena, sincera e inesquecível. Impossível não acreditar que a família seja a base de tudo. Não quero saber se esta é a família inventada nos moldes burgueses e o que há por trás disto. É a minha família, é o que me faz feliz, é o que me fortalece e me abriga. E é a minha mãe a centralizadora de tudo isto, meu porto seguro, o meu amor mais que perfeito e possível, com o olhar mais lindo e delicado do mundo!

Trilha sonora: Legião Urbana – cd: O descobrimento do Brasil
(Obrigada, moço, pelo momento ótimo de recordações!)

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Imperfeição

Desisti de dormir até mais tarde.
Não almocei.
Hoje não quis sair de casa.
Evitei pensar no ontem e no amanhã.
Sentei naquela cadeirinha e fiquei.

Só quis ver o azul do céu e o quente do sol.
Ouvir aquela canção.
E sentir o cheiro da chuva que vem.

A gente fala de combinar.
Combinar o quê?
Combinar felicidade, combinar desejo.
Mas desejo combina?
O desejo de qual ponto de vista?

Pego o barco, saio por aí.
Procuro o enfim
só tem fim.

A chuva caiu. O mar se agitou.
Corro pra janela...
Apenas olho,
somento sinto.
Sinto muito.
Sinto ter sido.
Sinto esperar.

Continua pingando,
continua respingar ressentimento das consequências.

Ainda bem que não sai de casa.
Lá fora é agitado.
Lá fora te engolem.
Aqui também está um reboliço.
A chuva tá forte
só que tá parando.
Será que estamos parando também?

"Não se pergunte mais porque me disse não
Se eu não procuro agora
o que encontramos antes
É só porque a noite chora lágrimas de diamantes"

segunda-feira, novembro 20, 2006

Ressoucer

Veja você!
Sua saia é um pouco indecente. Sua blusa provoca (?)
Por entre tantos descontentamentos, brigas e mal entendidos, à família todos voltam. A família de amor, de esperança. A família que sustenta. Aquela em que as dores se apagam. Também aquela detentora de moral. Não entrarei nesse mérito.
Voltar.
Moça, aquela rosa do sul abafado no plástico... De que família será? Uma de saborosa sensação que te absorve, dissolve. Lindo o seu cantar! O eco de seu sotaque permanece nos ouvidos e essa nostalgia poderia ficar mais uma vez.
Foi o dia do linguajar. Dialetos e estrangeiros. De bêbados e alegres. De tristes.
As línguas queriam decifrar. Diziam: "Deixa entrar o amor! Abra sua porta do coração!" (e por que não as janelas também?)
Vamos, vamos, amanhã será dia de nova energia. Já está tarde e a chuva caiu! Vamos?

segunda-feira, novembro 13, 2006

Sonho de amor

E sonhei, sonhei. Foi um lindo sonho de amor. Conversávamos, nos acariciávamos, nos beijávamos...
Falei o que nunca tive coragem. Ouvi o que sempre quis. Ouvi o que fingia não ouvir.
Você falava com aquele jeito suave, rouco, forte e doce, envolvente e desacreditado. Que delicioso!
E gritei, e gritei, e gritei...
Gritei pro mundo. Assumi minha vergonha. Te assumi.
A gente não precisava mais fazer aquele jogo duro, de lançar poucas palavras e deixar que o outro tentasse desvendar. Pela primeira vez, assumimos o que o olhar dizia. Não o desviamos. Foi lindo, lindo, lindo!
A alegria era completa de saber que não tinha ido embora, que estava ao meu lado, que tudo não passava de um grande mal entendido. Deus te deu mais uma chance! Mas porquê ele fez isso? Você é quase perfeito! Acho que Deus só te queria pra alegrar o céu e te ter lá pra ensinar tudo que você ensinou aqui.
Eu nunca quis me certificar "que tu nunca mais vais voltar, vais voltar, vais voltar".
Daí, eu acordei. "Chorei, chorei até ficar com dó de mim".
Sorri pela sua lembrança. Sorri pelo seu sorriso. Sorri pela sua voz.
E apesar de todo remorso, de toda a saudade, fiquei feliz de saber que você voltou pra caçoar de mim...
Se tinha dúvidas que te amei, hoje não tenho mais.
Vou voltar correndo pra minha cama e dormir, e imaginar, e sonhar e cantar, e cantar, e cantar porque jamais cantei tão lindo assim!

sábado, novembro 11, 2006

Selvagem

Nossa, senhora, que medo!
Os rostos tão belos pareciam, agora, a sombra do demônio. Mas, sei lá porquê, anjos da guarda, mais que nunca, pareceram existir.
Sambar foi preciso pra dar aquela relaxada semanal. Mas era aquele samba cheio de remelexos, e de olhares, e de sacadas desentendidas, e de saudades mal cumpridas e o "deixa tudo como está" se foi.
As novidades eram tão pesadas à própria mãe, que não aguentou ver o desfecho pelo chão. Pobrezinha!
Tudo acabara sem o menor adicional a quem tanto lutou para manter a ética e a moral!
O que ética e moral?
Eu só queria que você não se sentisse só. Nem tão pouco sem saída.
Eu só não queria que você se sentisse tão mal, ao ponto de revelar seus mais altos e proibidos desejos (sim, aqueles que você diz não reprimir) a todos... Cuidado, muito cuidado!

domingo, novembro 05, 2006

Viciosamente sem destino

Pa... Pa... Pa... Pa...
O chantilly até as alturas, engolí-lo, virar o café que perde a graça perto do braquinho, sentar a buzanfa e sonhar. Perder a noção de tempo e espaço, aprender, acreditar no impossível, sofrer com a realidade...
O rolinho foi pro pé e entre risos e lágrimas, lá estava.
A sinuosa carcaça inclina pra frente, as mãos a segurar as fantasias e um par de membos inquietos.
Uno no nada. Uno no tudo.
Os três eles não foram e a falta foi grande.
Segue pro banheiro e sai, anda!

A noite-criança brincava de se esconder e quando era achada, sorria triste. Todos se escondiam, todos sumiam, mas todos voltavam. Voltavam. Voltavam. Voltavam.

sábado, outubro 28, 2006

Manifesto

Ei! A vocês!

Parabéns àqueles que atraem olhares e amores!
Parabéns àqueles que têm atitudes belas!
Parabéns àqueles que dominam algum assunto!

Felicitações aos que me conhecem e me criticam!
Felicitações aos que não me conhecem e me criticam! (!)
Aos que me adoram...
Aos que me detestam...
Aos que sabem o que eu penso.
Aos que pensam que sabem o que eu quero.

São vocês que fazem parte da minha vida
E, que de maneira benéfica ou cruel,
Fazem-me crescer.
Sim, crescer! Lá longe, bem distante!

São vocês que trazem calor ao meu sangue,
que corre com tanta força nos meus capilares
e que é cuspido mais violentamente em cada pedacinho de mim.
São vocês e suas análises maliciosas e/ou criativas
que arracam gargalhadas indiscretas de mim.

Estupenda satisfação!
Enubriante sensação!

Amigos e inimigos, sejam bem-vindos ao meu pequeno-grande-mundo!

*Aplausos*

Obs: Swwwwinga!
Paráparapápárá
parapapaparárá
Paráparapápárá
parapapanpãparã

domingo, outubro 15, 2006

As pérolas

Pequena Miss Sunshine
.
"Reloj deten tu camino
Porque mi vida se acaba
Ella es la estrella que alumbra mi ser
Yo sin su amor no soy nada..."
Trio Los Panchos
.

Lá se vai mais um feriado.
.
As pérolas:

- "Não fala que eu asso!"

- "Aí ela abriu o armário e viu um sapato de palhaço... se apaixonou."

- " Ele usa aquelas calças de sertanejo que fica uma bola entre a costura e a bunda...e atrás também"

- "Eu não conseguia controlar o incenso e o beck."

- "Gato fudendo é muito intenso. Eu achei que eram os vizinhos. Pensei: 'Esses vizinhos estão bombando. Vamos fazer isso!'"

- "-É sujo pro banheiro da sua casa e limpo pro banheiro químico do Maracanã.
- E você já foi no Maracanã?"

- "-Eu quero ser ensaísta.
- Então vai pra uma escola de samba!"

- "Vocês eram gordas ainda?"

-"-Se você não sabe quem é, desiste da vida!
-Se você não me disser quem é, não vou dormir!"

- "Ele é meio... roliço"


Gurias inteligentes, solteiras e bêbadas.
Amo-as!

segunda-feira, outubro 09, 2006

Ser eu é bom?

Tem gente que me acha alegre demais, esporrenta demais, doida demais, engraçada demais, intensa demais.
Sabe, às vezes acho que sou assim mesmo. E gosto desse meu jeito. Mas, não sei... isso é tão comum.
Talvez se eu tirasse meu lado implicante, fosse menos carinhosa, gargalhasse pouco, falasse o mínimo, me tornaria uma pessoa apaixonante, que vibrasse, iluminasse.
Quem sabe se eu mudasse minha maneira de ver o mundo, de acreditar que as coisas podem ser mais bonitas, mais justas...
Se amasse menos as pessoas, se me entregasse menos a elas, se fosse menos leal e amiga...
Se meus argumentos e questionamentos diminuíssem; se parasse de pensar e refletir...
Ah! Será que minha vida seria mais colorida? Seria eu mais expressiva?
E minhas dancinhas aleatórias, as músicas na ponta da língua, minhas manias chatas, minhas indecisões, tudo isto seria admirável?

O que sou eu?
Ser eu é bom?

segunda-feira, outubro 02, 2006

O choro mais lindo

Lamento - Pixinguinha

Morena tem pena
Mas ouve o meu lamento
Tento em vão
Te esquecer
Mas olha, o meu tormento
É tanto, que eu vivo em pranto,
Sou todo infeliz
Não há coisa mais triste, meu benzinho,
Que este chorinho que eu te fiz
Sozinho, morena
Você nem tem mais pena
Ai, meu bem
Fiquei tão só
Tem dó, tem dó de mim
Porque estou triste assim
Por amor de você
Não há coisa mais linda neste mundo
Que o meu carinho por você
Meu amor, tem dó
Meu amor, tem dó

Pra mim, é o mais belo choro que há. Melodia delicada, com vida.
Lindo, lindo, lindo

Eu não queria falar

"Eu tenho uma coisa pra te falar: eu sou muito, muito seletiva...
Ah, também sou muito, muito desconfiada.
Além disso sou irracional. Pavio curto. E muito, muito ciumenta." *

O amor é o grande sentimento que envolve os seres humanos. Afirmaria que ele é a base de tudo, até das tragédias. Uma pena. Um sentimento tão belo é capaz de trazer tantos danos. Mas, realmente, é a essa conclusão que eu tenho chegado.

O amor de duas meninas
O amor de um pai vendo a sua menina amar a outra
A falta de amor que leva ao alcoolismo
O amor por uma filha que matou seu pai
O amor de irmãs
O amor proibido
O amor por um filho drogado
O amor por um filho homossexual
O amor de uma família desestruturada
O amor por seu país
O amor por sua mulher baleada
O amor por um anjo
O amor pelos animais
O amor, ao mesmo tempo, exagerado e doce
O amor descoberto sem querer
O amor além-vida

Sempre o amor...
Eu tinha pensado um monte de coisas para falar do amor, só que não consigo colocar em palavras hoje. Está tudo jorrando dos meus olhos que ardem. Está tudo armazenado no meu peito que grita. É mais uma vez o meu corpo que se manisfesta sem ser por mim.
Ah, deixa pra lá...To mais sensibilizada do que já sou por dois filmes que eu vi.
Blé!

* Do filme: Um bom ano

sexta-feira, setembro 29, 2006

Nunca gostei tanto de um conceito: E+

“Desejo-lhe os dias que me proporciona.
Desejo-lhe a paz que me passa.
Desejo-lhe o olhar que me fita.
Desejo-lhe os sorrisos que me arranca.
Desejo-lhe a cumplicidade que tem por mim.
Enfim, desejo as melhores coisas que um ser pode receber e que, felizmente, você me presenteia todos os dias.”


E mais uma vez você esteve comigo, segurou minhas mãos tão trêmulas, conteve meu olhar hesitante, me fez buscar o ar que já não mais encontrava. Foi dolorido, mas você estava ao meu lado. Obrigada!

quarta-feira, setembro 27, 2006

É...

"...pode-se fazer a seguinte generalização acerca dos homens: são ingratos, caprichosos, mentirosos e embusteiros, fogem do perigo e são, ainda, ávidos de vantagens"
Nicolau Maquiavel (1469-1527), filósofo-político.

terça-feira, setembro 26, 2006

Comidinha da mamãe

A comida das mães são as melhores,
pelo menos da minha...
Desconfio que haja um ingrediente,
só delas,

Que deixa o carinho no sabor.

É difícil descobrir como fazem
Tal façanha.
Não necessita de requinte
Só pouca habilidade.


Nutrir-se por seus cuidados
é ter o deleite,
é se sentir agraciado,
é perceber que alguém
realmente zela por você.


Elas são como a fêmea da família,
disposta a proteger os filhotes
de qualquer maneira,
alimentá-los,
ensiná-los
e permitir que sigam seus cursos.


É o afeto mais verdadeiro
Sem pretensão.


Eu amo a minha e sua comidinha!

Chegou...

Era de se esperar que o terrível estava por vir.
Realmente estava feliz das minhas expectativas não estarem erradas.
E seria esquisito o desastroso se omitir.
Pois bem: hoje vi o primeiro filme horrível do Festival do Rio.
Fui ao cinema cheia de expectativa para uma boa trama. Troquei a chuva e a coberta por poltrona e ar condicionado, apesar de saber que cinema é bom e festival idem.
Tomei um chá de cadeira.
Uma grande fila.
Um curta medonho.
E assisti a um filme chinês, Sonhos com Shanguai, passado na década de 60, quando o governo decide incitar famílias a partirem para o interior afim de levar o desenvolvimento. Belo tema, não?
No entanto, pouco assunto explorado para muitos minutos.
A cada movimento dos personagens, o ângulo era o mesmo por, no mínimo, quarenta segundos.
Pouca abordagem política.
O mesmo cenário por muito tempo.
Ok, ok, "o autor quis retratar como realmente era chato viver lá". Eu não tenho nada a ver com isso!
Entediante.

To irada até agora.
Vai ser ruim lá na China!
(Não contive a piadinha...)

domingo, setembro 24, 2006

Zombeteiro

O pensamento está longe
E a impossibilidade do meu
Cruzar com teu é tão grande.

Acredite que mal não farei
Nem lembrarei da minha humilhação fatídica.
Mas deixem meu platonismo
E não zombem da minha insegurança!

Chega a hora de encontrar o sol
E a ele entregar meu coração...

Quem sabe consiga esfriá-lo
Este que já "não bate nem apanha".

Não sou feita de aço.
Já pensei se não sou a mais carinhosa,
a mais ciumenta,
a mais mimada,
a mais carente,
a mais amante.

Não. Foi-se o tempo.
E o tempo? Volta?
Serve pra corromper.
A volta é um deslize.
O sofrimento é inerente
A mim.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Deslize

Preciso de outro corpo.
Melhor, preciso de outra mente.
Não, não, talvez a solução seja outros sentimentos.
Eu queria pegar um trem daqui pra lá longe, sentar num banco de uma daquelas praças repletas de crianças que brincam sem saber da hora, do dia, do motivo, do mundo, do outro.
Eu queria me sujar de terra como quando brincava de casinha e colhia as frutinhas das plantas e colocava naquelas panelas pra preparar o almoço das minha bonecas.
Ou queria, agora, simplesmente sentir a água do mar entre os meus dedos, esfriando o meu corpo e purificando minha alma.
Queria não mais me preocupar se fui boba, se não atingi minhas metas, detectar meus erros.
Quem sabe, parar de pensar. Parar de querer.
Não!
Preciso de ilusões pra viver. Quer dizer, não preciso delas, mas quando existem as fantasias, meu mundo fica mais colorido.
Eu quero colorir o mundo dos outros. Só que erro. Errei.
Preciso me libertar.
Eu tenho que aprender a não ser fraca.
Onde largo a timidez? Por favor, aonde?
Eu olho pros outros e não vejo insegurança. Será?
Tudo é tão fácil.
Ah, "que seja eterno enquanto dure"!

terça-feira, setembro 12, 2006

Perdição da vida minha!



Lua adversa - Cecília Meireles

Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém
(tenho fases ,como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

sábado, setembro 02, 2006

Uma questão

Odeio a hipocrisia... Trabalho a minha para não me igualar aos outros.
O temperamento, tolero.
Foda-se.

sexta-feira, setembro 01, 2006

Fazendo hora

Prece cósmica

Que os 4
como num teatro
conservem a mão
sem nenhum
gesto que o vinho quente
do coração
lhes suba à cabeça
espessa
que do bolso de
cada um dos
4
como num teatro
voem
pombas(pombas
brancas
...e amanheça).


Composição: João Ricardo - Cassiano Ricardo
Secos e Molhados

Em homenagem ao show do Los Hermanos, com participação de Ney Matogrosso, que eu não fui. E a minha amiga Maíra, que ama os dois.

sexta-feira, agosto 11, 2006

A vida como ela é

Ela era baixa, com contornos bonitos e bem delineados. Sua pele era clara, tão clara, quase da cor da neve. Os cabelos escorriam pelos ombros, encobrindo seu colo, com bastante delicadeza.
Os olhos miúdos, levemente puxados, escondiam uma sutil tristeza. Seu sorriso era radiante, capaz de energizar quem o recebesse. No entanto, quase não sorria.
A sua mente era um caldeirão de idéias. Reservatório do saber. E não aproveitada tal virtude somente para si. Abnegava-o em prol de seus ‘amigos’.
Uma vez adentrou um salão de festas como se previsse uma novidade. Uma sala ampla, de teto altíssimo, chão de mármore, paredes claras com detalhes em dourado. Castiçais espalhados.
Um som eletrônico... Em seguida, uma voz a cantarolar.
As frases eram belas e soavam como uma piada.
Um susto. Surgiram as cordas: celo e violino.
A base eletrônica era a mesma, enquanto as cordas brincavam entre si, com a melodia e a letra.
Num instante, fez-se sol. A moça sorria. Gargalhava.
Bateria e guitarras completavam os violinos e celos, a voz e a batida eletrônica.
A donzela deslizava pelo salão de braços abertos, com boca e ouvidos a sorrir, a inventar passos.
O coração abrigava os violinos. E explodia junto a eles a cada arcada que sucedia.
Pela bateria, saltava a ira de seus olhos.
As idéias estavam em alvoroço pela guitarra estridente.
Que explosão!
A menina era a harmonia daquele salão.
E dançava, e pensava, e ria.
Êxtase.
Por você...Por você...

domingo, agosto 06, 2006

A ressaca do ser

"Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro."
A insustentável leveza do ser - Milan Kundera

Sem importar se as minhas pinceladas ficam boas ou não.
Amoral ou imoral, "eu vou na fé, sim, sim, sim, sim!"

quarta-feira, agosto 02, 2006

O mês

Agosto é o mês mais lindo do ano.
Se tivesse que escolher uma cor para ele, escolheria o azul: transmite tranquilidade, paz e alegria.
Se tivesse que escolher uma fruta, escolheria os morangos: tão doces e sensíveis.
Se tivesse que escolher uma estação do ano, escolheria o outono: sol quente, clima temperado e leves chuvas.
Se tivesse que escolher um anima, ecolheria os golfinhos: inteligentes, amorosos exibidos e brincalhões.
Se tivesse que escolher um elemento da natureza, escolheria a água: transparente e pura.
Se tivesse que escolher uma bebida, escolheria o vinho: embriaguez ligeira e suave.

Ok, ok, parece um texto do primário...
Enfim, poderia fazer várias comparações. Acho que essas são válidas para expressar o que quero.
Pessoas amadas, sensíveis, transparentes, alegres, doces fazem aniversário neste mês.
Queria que metade da população terrestre tivesse qualidades como as de Fernandinha, Paulo, Felipe, Bujika, Mari, Paulinho, Guido, Maíra, Junior, mamãe, Simone.
Amo todos e admiro as pessoas que são. Parabéns!


Ah, e dia 23 é o meu, hein! Não que eu me inclua nessa...rs

segunda-feira, julho 31, 2006

Está cinza

O espírito "poético" que resite na minha imaginação, se escondeu na escuridão dos meus pensamentos.
Pode ter se perdido nos labirintos das frases. Estar embebido de imagens de um projetor. Caído na encruzilhada. Sedento de calor de qualquer paixão. Ou, provavelmente, sentindo a ausência dos bares da vida...

Ô frio bom!


Pessoas em Porto Alegre que me causam nostalgia...

domingo, julho 30, 2006

A minha eloquência

O intuito é causar comoção (de qualquer tipo). Quero o deleite. Ser eu e te persuadir para me entender, se for possível. Concretizar-me nas palavras: o caldeirão de sentimentos que sempre vem à tona.
As pessoas não são iguais.
E disseram-me que consigo.
É sincero.

Decisão ou anseio

Saciar a vontade? Pra que, se o interessante é ter vontades(?)?
Tenho boa vontade de dizer-te o que acontece. É, no entanto, contra a minha vontade tal atitute. Talvez, falta-me coragem. Isto porque não fico à vontade com as tuas repressões. O motivo? A tua Vontade de potência. Sempre. Quer me dominar. E graças a minha má vontade de te permitir, quem vence sou eu. Escancaro minha firmeza. Passa um tempo, novamente contrariado, por vontade, me procura. Dúbia decisão. Fico tanto com vontade de pular em teu colo e em meio aos teus braços, e abraços, e cheiros, esquecer do que se foi. Num ímpeto, largo-me e mostro-te minha vontade de ferro.
Aguarde a minha disposição.
É assim que tem que ser?
P.S:
"Quem dera ser um peixe
Para em seu límpido aquário mergulhar,
Fazer borbulhas de amor pra te encantar,
Passar a noite em claro,dentro de ti.
Um peixe,para enfeitar de corais tua cintura,
Fazer silhuetas de amor a luz da lua,
Saciar esta loucura,dentro de ti."
Realmente, eu não tinha reparado em quão* grotesca é essa letra de músia. Hoje descobri que há uma comunidade no orkut a ridicularizando.
Aff!
E eu entrei.
Aff!
*Adoro ultilizá-la.

domingo, julho 16, 2006

Caos do ser ou não ser caos

Sou?
Hein, eu sou?
Caótica! É, caótica!
O que você acha?
Não?
Eu não sei
Mas eu sou
Eu me acho
Eu sou o caos
Por quê?
("É preciso ter o caos dentro de si para virar uma estrela cintilante")
Sou vazia, obscura, ilimitada, desordenada, sensível e imprevisível com qualquer coisa que saia do meu eixo.
E eu sei lá qual é o meu eixo!
Isso são qualidades.
Se isso é ser caótica, ser caótico me parece bom = Então eu sou caótica e isso é bom
Ótimo.
Mais uma conclusão!

É sincero, meu bem

"É mágoa
Já vou dizendo de antemão
Se eu encontrar com você
Tô com três pedras na mão
Eu só queria distância da nossa distância
Saí por aí procurando uma contramão
Acabei chegando na sua rua
Na dúvida qual era a sua janela
Lembrei que era pra cada um ficar na sua
Mas é que até a minha solidão tava na dela
Atirei uma pedra na sua janela
E logo correndo me arrependi
Foi o medo de te acertar
Mas era pra te acertar
E disso eu quase me esqueci
Atirei outra pedra na sua janela
Uma que não fez o menor ruído
Não quebrou, não rachou, não deu em nada
E eu pensei: talvez você tenha me esquecido
Eu só não consegui foi te acertar o coração
Porque eu já era o alvo de tanto que eu tinha sofrido
Aí nem precisava mais de pedra
Minha raiva quase transpassa a espessura do seu vidro
É mágoa
O que eu choro é água com sal
Se der um vento é maremoto
Se eu for embora não sou mais eu
Água de torneira não volta
E eu vou embora
Adeus"
(É mágoa - Ana carolina)

Eu não queria que sentissem mágoa de mim. Não queria de descontentar ninguém.
Infelizmente as nossas atitudes tem reflexo nos outros. Não gosto disso.


Na minha vida, já entristeci muitas pessoas de propósito. Outras, sem querer.
Já me machucaram também. Pessoas que eu conhecia ou não.


Ah, não queria fazer isto com você! Não foi minha intenção. Pode ser inexplicável, mas eu gosto de você. Ou então acho que gosto. Não impota! Não quero te ver agir desta forma. Não quero ser a razão da sua chateação. Não quero que tenha pensamentos ruins de mim.
Porém, eu te entendo. São os sentimentos que nos impulsionam sempre. E algumas pessoas não tem controle sobre eles. Eu sou assim. Você também. Por isso me sinto próxima.
Só que tem mais, e eu não sei o motivo.
Se tenho algum erro, te peço perdão.
Por favor, não tente acertar a pedra em mim, nessa sua mágoa.

sexta-feira, julho 14, 2006

Quinta-feira, 13 de julho de 2006.

Eu fui...
O dia estava ensolarado como aqueles. Levantei correndo, tomei banho correndo, almocei correndo. Escolhi a roupa como se fosse encontrá-lo.
Ao sair de casa, escolhi o caminho que fazia quando queria refletir. E diversas vezes, o pensamento que me cercava era sobre ele.
O sol, quente. O céu, tão azul. O caminho, o mesmo. Eu, uma incerteza.
Seguia pelas mesmas calçadas, atravessava nos mesmos lugares, procurava as sombras de sempre. O meu ritmo era o de dois anos atrás. Só uma coisa tornou-se diferente: não vou te encontrar.


Cheguei atrasada, como de hábito. Fui recebida com abraços e carinho de antes. Sentei na cadeira ao lado daquela mesa. Vi as pessoas a passar. Desta vez, não me cumprimentavam.
Depois, meu querido amigo e confidente, Paulo, levou-me aos outros andares para ver as novidades. Quantas! Foi difícil assimilar tudo. Meu segundo lar por um ano e meio, meu cursinho, aquele cantinho acolhedor cresceu bastante! Agora tem cantina, quadra de futebol, ensino fundamental, ensino médio. Falta você.


Notei as mudanças...


Não há mais você na porta me esperando passar.
Não há mais você a me abraçar e me guiar pelo corredor até a sala.
Não há mais aquele olhar fixado em mim de “o que eu faço com ela?”.
Não há mais você segurando os pilots da forma que só você segurava.
Não há mais você me puxando pelo braço e no pé do meu ouvido dizendo a mesma coisa que, provavelmente falava para todas: “Ia te liga, sabia?”. (Esse “sabia”... você me fez perceber que quando eu não entendia algo, perguntava assim: “é o quê?”. Era a minha marca. E a sua era o “sabia”: cantado, rouco, conquistador, lindo).
Não há mais você com aquele sorriso no canto da boca, sarcástico.
Não há mais você a me convidar para tomar uma cerveja no “nosso bar”, “naquele de sempre”, com o “nosso amigo Paulo Eduardo”.
Não há mais você a escancarar como era indecisa, insegura, incerta, desconfiada.
Não há mais você a fingir que sentia ciúmes quando feri seu orgulho.
Não há mais você a me propor a frase esquisita: “vamos ficar juntos?”.
Não há mais você a me convidar para um cinema, utilizando como meios de convencimento todas as desculpas que eu já tinha dado.
Não há mais você para me chamar para ir a qualquer show, demonstrando que o importante era a minha companhia.
Não há mais você ao meu lado. E foi preciso te perder para notar o valor que tinha para mim.



Penso em quanto você ia gostar do meu crescimento pessoal e intelectual. O primeiro tive, setenta por cento, graças a sua ausência.
Nesse um ano te quis por perto em muitos momentos. Quis tirar dúvidas, matar saudades, trocar idéias, dizer o que faltou coragem.
Eu tenho certeza que agora você sabe disso tudo. Mas queria ter sido forte para demonstrar.
Por temer tanto meus sentimentos, acabei por sofrer e hoje enfrentei o “não-ter-você”. Eu te adorei e vou adorar para sempre.



Bem, a segunda parte do dia foi ótima! Na companhia de João Paulo Zulu não tem como não ser.
Vimos o filme Brasília 18%, no Odeon. Como o cachaceiro falou, é praticamente um documentário. Um retrato do funcionamento da política-corrupção do nosso país.
Surpreendente a mensagem que aparece no fim do filme: “Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança em nomes dos personagens ou história é mera coincidência”. Soltei uma gargalhada. A única.
Os nomes dos personagens são de grandes autores da nossa literatura (foi inteligente isso).
Na saída do cinema, umas cervejas com pai do Zulu, e diversos senhores amigos dele. Bem-humorados por sinal. Nem comentarei os discursos que ouvi!
Eu esqueci o nome do bar, mas segundo o pai do Zulu, era freqüentado por Vinícius de Moraes e Tom Jobim. Realmente tem um painel em homenagem a eles... Se bem que em homenagem ao pai do Zulu também. Rs. Tem uma foto dele lá.
As quintas têm apresentação de Bentinho Maciel. Um senhor com violão só tocando Bossa Nova. Uma delícia!

quinta-feira, julho 13, 2006

É a que...ou a que...?

Amiga que tinha ciúmes da Carla comigo.
Amiga para eu ajudar a passar em química.
Amiga para imitar junto comigo a Britney Spears(Aff!).
Amiga para me apanhar, chorando, no meio da rua num dos momentos mais terríveis da minha vida.
Amiga que mesmo longe esteve perto.
Amiga para bater altos papos nas monitorias.
Amiga para aguentar as minhas neuras.
Amiga para me maquiar.
Amiga para aprontar as coisas mais hilárias e bizarras na rua ou em casa.
Amiga para se acabar de dançar e, em uma sintonia profunda, fazer os passinhos mais engraçados nas festas.
Amiga para me segurar passando mal...PUDIM!!! hahaha.
Amiga para sessão de fotos nas nossas casas.
Amiga para ser adotada pela minha mãe (sendo q minha mãe acha que milla se parece mais com ela do que eu mesma!).
Amiga para estar do meu lado no show do Paralamas e pagar mico em rede nacional.
Amiga para se afogar em Ipanema.
Amiga para vir chorar no meu ombro com medo de não passar no vestibular.
Amiga mais agregada "das minhas casas".
Amiga pra me aconselhar e segurar minhas barras.
"Amiga-alma gêmea".

Ai, bicha, saudade imensa de você! Volta logo!

Lembranças

Finalmente estou de férias! Se bem que esse período empurrei com a barriga. Mesmo assim, deu para cansar...
Esses últimos seis meses foram bem proveitosos. Surpreendi-me comigo mesma diversas vezes. Tantas coisas aconteceram!
Durante as férias consigo dormir muito mais que já durmo. Acordo para lá das duas horas da tarde com sono de quem acordou as seis da manhã!
Hoje, acordei um pouco mais cedo (meio dia, tá bom?), enrolei (como de costume), entrei no banho com o som em um bom volume (entender como muito alto) e em ótimo gosto, modéstia à parte (Pixinguinha e Bach em sax, flauta e cravo).
(Adoro usar parênteses!).
Meu lado virginiano me chamou... Há muito tempo não me aquietava com as minhas coisas. Precisava organizar, mexer, limpar, colocar minha energia no que é meu.
Tive várias lembranças. Um passado que não retorna. O engraçado é que ontem estava a conversar sobre isto com o Zulu, pois ele escreveu um texto sobre a infância dele.
Depois do banho, abri meu armário e minhas recordações.
Eu tenho uma latinha onde guardo as caixinhas com os brincos que ganhei de 15 anos. É, porque debutante ganha brincos e cordões de ouro ou perfumes. Impressionante!
Sentei na cama com a latinha. Olhei todos meus brincos. Metade nem estavam mais lá. Uns utilizo com freqüência. Outros estragaram; alguns sumiram. Coloquei tudo na lata, menos a minha querida caixinha azul. Nela há meu anel de prata. Este é, para mim, o símbolo dos meus 15 anos. Meus pais me deram no dia da minha festa. Foi tão emocionante e mágico que eu não quero perdê-lo nunca. Até por isso quase nem o uso.
Achei o cordão com dois pingentes que contem a primeira letra do meu nome e a do meu ex-namorado.Foi presente dele. Nossa, acreditei que seria para sempre!
Peguei a caixa de música que minha mãe me deu. Tinham pulseiras que eu usava na sexta e sétima séries! Lembro tanto das minhas amigas de Friburgo. Morava lá naquela época. Penso na Marcela e nas idiotices e imaturidade que fizeram nossa amizade acabar. Penso na Verônica e em tantas vezes que ela estava presente em épocas dificies para mim, apesar da distância. O mesmo aconteceu com a Luciana.
Depois encontrei um broche bem pequenininho, dourado, com uma pérola no meio. Minha mãe me vestia como uma bonequinha e me fazia usar com uma blusinha branca. Era lindo!
Que delícia foram aqueles momentos. E que bom lembrá-los com carinho. Além deles, recordo vários outros que minha mãe me proporcionou...Todos os aniversários era uma surpresa diferente. Por falar nisto, o Felipe (bar) tem uma história que me causou inveja: ele pedia, quando criança (ou não, né... rs), os bonecos do Hi-Man para os pais. E nunca ganhava. Até que em um dia, não lembro se era aniversário ou Natal, quando acordou, se deparou com todos os bonequinhos! Caramba, imagina a emoção da criatura! Vai ver que ele é bobo por isto. Brincadeira... Mas que prazer inesperado! Quero fazer o mesmo para os meus filhotes.
Continuando: várias sandálias de salto alto! Que são minhas! Hahahaha.
Eu tenho quase 20 anos (uma pena!) e não adianta, não tenho gosto por saltos. Isto já foi discussão com a minha mãe. Ela acha que eu sou menos feminina por usar tênis. Eu discordo. Sinto-me tão feliz com meus tênis, sandálias rasteiras e sapatinhos de boneca. Salto para quê? Para doer meus pés?
As minhas sandálias altas foram todas compradas para ir a alguma festa. Por exemplo, na minha formatura, usei uma prateada, linda, linda. Tem um salto agulha e duas tiras que se prendem aos tornozelos. Estas, contudo, não são presas à sandália e, por isto, deslizam. Na festa estava com o Paulinho e tive a infeliz idéia de pedir para ele carregá-la. Sim! Ou achou que eu fiquei em cima desse trambolho altíssimo e com salto fino a festa toda? Jamais! Fiquei descalça, óbvio. Mas, então, Paulinho, como era de se esperar, perdeu as tiras. Não tinha como eu andar. Só há um ano que a minha amada e inteligente mãe mandou fazer outras tiras.
Hoje resolvi colocar o raio da sandália prateada. Sinto-me a Globeleza com ela. Dei até uma sambada na frente do espelho. E descobri que sambar de salto é mil vezes mais fácil. Descobri também que eu sambo melhor com salto do que ando com ele! Hahahaha. Só não agüentei muito tempo por causa do meu pé torcido. Dói.
Foi uma tarde deliciosa: meus objetos, eu, minhas lembranças e minhas músicas. O repertório foi vasto: Coldplay, sambas, o cd do Caetano com Jorge Mautner (Eu não peço desculpas), Mundo Livre S. A, Nando Reis, Tom Zé, e a MPB fm, claro!
Será que as pessoas buscam esses momentos como eu? Será que elas gostam? Será que elas se encontram? Ou se perdem?
Ah, blé!


OBS: O poeminha do post debaixo foi feito pelo pelo Felipe Coelho Bar...

segunda-feira, julho 10, 2006

A borboletinha

"Quem gosta de abismos precisa ter asas.
Borboletas nunca voam alto.
Algumas nunca voam alto o suficiente.
Vai ver que é por isso q eu sou a borboletinha
Borbelas saem do casulo, mas elas nunca voltam para lá.
Borboletas rastejavam para aprenderem a voar.
Que mais?
Borboletas são sensíveis ao toque...
dependendo elas abrem as asas ou fecham.
Borboletas vivem tão intensamente um único dia que morrem
E voltam para o chão
do qual rastejou por anos
rastejou, triste, para voar apenas um dia, feliz.
Borboletas pensam tanto e desnecessariamente que voam distraídas.
Borboletas dão em poesia.
Por isso elas são únicas em nossa vida
E de tantas e tantas cores, borboletas vivem um dia, apenas para seus amores."
E agora: é bom ou não ser uma borboleta?
Seria melhor querer voar tão alto? Pra quê? Às vezes penso que é bom estar bem longe do chão, esquecer daqui, viver lá, ir além. Só que há tantas coisas boas por aqui também. Eu posso ir além sem me desagarrar tanto do chão.
A sensibilidade... aflorada. Intensa. Adoro isso.
E se pensar muito é se distrair, questiono, qual mau (prejuízo) nisso? E pensar é desnecessário? E...? Mas se...?
De qualquer forma, não importa se é bom ou não ser uma borboleta. Basta ser. Basta fazer ser.

sábado, julho 01, 2006

É só um pensamento!

Logo que a copa começou, vieram os questionamentos sobre a questão dos brasileiros se alienarem nessa época. "Fato"*! Somos conhecidos internacionalmente, e aqui cultivamos este rótulo, de ser o país do futebol. Como, então, não parar no mês em que nos quatro cantos do mundo se fala deste esporte?
O problema, a meu ver, é que o Brasil não pára somente por um mês, de quatro em quatro anos. O Brasil pára quando tem Campeonato Carioca, Paulista, Brasileiro e até Campeonato europeu!
Realmente o futebol é paixão nacional. Mas fazem disto uma válvula de escape. Afinal, como dizem, "o povo brasileiro é muito sofrido", precisa se distrair... Precisa ter esperança em algo para continuar... Ah, faça-me o favor! Não é no futebol que as pessoas vão encontrar soluções. Mesmo que encontrem momentaneamente, mas sem fazer dele sua alienção!
Outra coisa que me causa ira: os brasileiros levam o futebol às últimas consequências! Torcem, vibram gritam. Até aí, tudo certo. Choram e, às vezes, brigam com os outros ou com a própria televisão (este é o torcedor mais bizarro...meu pai, por exemplo...). Por que, por quê? Quanta indignação me toma quando vejo as pessoas tão estressadas com isso! Elas passam mal, se entristecem com que finalidade? Que alegria e tristeza são essas? Que sentimentos mais profundos têm? Elas não ganham absolutamente nada com isto. Nada! O futebol não é mais somente um esporte! É uma mega indústria! Movimenta mares (nem mais rios) de dinheiro. Olha os patrocinadores desta copa...
Eu sei que existem os admiradores do futebol. O que não gosto são dos fanáticos (alienados ou não).
Na verdade, eu só queria entender essas paixões que movem o mundo. Entender a razão pela qual as pessoas se deixam influenciar por essas paixões...
*Substantivo que virou gíria entre patricinhas e mauricinhos... Eu mereço!

quarta-feira, junho 28, 2006

Não se sabe...

Ele passava enquanto ela observava algo estranho. Não conseguia detectar o que era.
Fez perguntas, fez brincadeiras, cantarolou e nada.
No caminho, ela lembrava do sol, do mar, das pedras, do cão, do sorriso e do olhar.
O dia estava quente. E com a mesma brevidade que seu coração esfriou, a noite assim se fez. Ela pensava nessa coincidência constante.
O percurso era curto. Havia muitas pessoas nas ruas.
De longe, quadros numa feira de artesanatos. Um chamou a atenção da moça. Era a pintura de um cavalo distorcido. Ela nunca tinha imaginado algo daquele jeito.
A lua, que sempre os encantara, se escondera. O som das ondas também se omitiu.
Nos ouvidos dela, apenas a vontade de sentir a respiração dele.
Nos pensamentos dele, só o tempo dirá.
Ela queria tirá-lo daquele lugar. Queria levá-lo para longe, para um lugar inesquecível. Talvez uma montanha, um local frio, um bom vinho e só eles dois.

Entraram numa casa. Havia apenas uma meia luz. Era bem agradável e bonita. A música ambiente estava ótima e a comida também.
As pessoas exibiam suas belas roupas, celulares e tudo o que o dinheiro podia oferecer.
Ela sentiu uma alegria súbita, inexplicável. E um grande nervosismo também. Ele estava tenso, ansioso.
Distanciaram-se e fizeram amizades. Era bom que isso acontecesse.
Distanciaram-se mesmo.

Um grupo conversava sobre projetos sociais. Outro sobre as “nights” em algumas boates do Rio de Janeiro e até micaretas! Outro, sobre Psicologia e o projeto de mestrado de um deles. Mais um falando de música, novas bandas, bons instrumentistas, aparelhagem de som. Um ambiente eclético e democrático.

A noite foi longa. Porém, para ela, nunca terminou.

O dia seguinte amanheceu ensolarado. Aproveitaram a praia. Andaram de bicicleta. Cumpriram com suas obrigações. Uma música surgia na cabeça dela... “É chegada a hora de se largar...”. Na dele, mais uma vez, não se sabe.
Sentaram num café e ali ficaram cada um com seu silêncio e a folhear os livros.

sábado, junho 24, 2006

Hã, hã?!

"Alguém já utilizou ou está utilizando o método etnográfico em uma investigação cuja perspectiva teórica é pós-estruturalista de inspiração foucaultiana?"

Entedeu? Nem eu!

Por hora, fico a puxar os cabelos, preocupada em elaborar as questões para a prova, apertando o dane-se, indo pro Circo e sendo feliz!

quinta-feira, junho 15, 2006

Ele sabe...

"Hoje não dá, hoje não dá
Está um dia tão bonito lá fora
Eu quero brincar!
Mas hoje não dá, hoje não dá
Vou consertar minha asa quebrada e descansar!"

Te amo, moço!

sábado, junho 10, 2006

Presente

Uma cena: uma moça, linda e morena, andando nos lacônicos labirintos das ruas,
perplexa em meio a uma chuva plácida, onde a brisa se mistura e leva suas lágrimas.
Tende ao sereno noturno porque a tarde já se vai e a sombria e nebulosa claridade também.
Um momento de quadro, uma exposição presunçosa de um sentimento que não prescinde.
Então volta, pelo caminho que não veio, entretanto, ainda sente a mesma necessidade de quando foi.
Sua capa escura protege seu rosto da água e no sentir que jaz de seus olhos; o retorno é austero e límpido quando a chuva já ameniza; um sereno que esboça o sorriso no rosto, perto da esquina de onde não veio; a cruz das ruas se desfaz e uma saída se ilumina à luz lunar; evade-se o imo e segue, ela, sem olhar para trás.
Silêncio de paz, no decorrer d'água da chuva que morre no chão, naquela passada rua.

O furo no círculo.
01-05-06.
Por Antonio.

quinta-feira, junho 01, 2006

Últimos dias

Desde de domingo, meus dias têm sido corridos.
Tão corridos que até hoje, quinta-feira, não fui a uma aula na faculdade. Não sei se rio ou choro!
Segunda até que foi tranqüilo. Perdi aula de Filosofia, tive rpg. E em vez de estudar, fui na Camilla só para comer torta de amendoim...
Terça eu não consegui acordar para aula. Passei a “manhã” (entre aspas mesmo porque acordei pra lá das 10) tensa com o show dos meninos. Fiz um samba no meu horário pra chegar em Laranjeiras às 17h, pois ficaria uns 20 minutos vendo a passagem de som e depois voaria para o Villa Lobos para assistir uma única aula. O samba ficou ótimo, pena que os meninos não estavam no horário pra passar o som... Aí tive que usar uma música de relaxamento para ocupar o tempo que não fiz nada. Ainda bem que eu descansei, porque eu estava tão nervosa que quando fui pegar o metrô do Villa para casa, fui pro sentido zona norte. Tive que descer e pegar outro trem.
O que compensou foi o show, né... Estava muito feliz. Acho que era a mais fã e a mais animada. Pelo menos me senti assim.
Nada de aula quarta... Corri para almoçar, corri para encontrar minha mãe, corri para terminar de ler meu Manifesto, corri para aula, corri para casa, corri para cama!
Hoje, somente hoje, fiquei no meu ócio, com minhas músicas, meus exercícios de violino, com meus pensamentos.
Eu fiquei metade do meu dia sentada pensando muito. Cara, a vida é muito doida!
Nesses pensamentos, analisei o que me dá mais prazer. Peguei um papel e enumerei, não necessariamente por ordem de preferência:
- Estar bem com a minha mãe
- Não me enrolar com os textos da faculdade (quase impossível...)
- Ouvir música e dançar na frente do espelho (ok, bizarro, mas eu faço isso mesmo! Quem nunca fez?)
- Ficar em casa conversando com a Camilla. É muito engraçado!
- Roda de violão (ultimamente mais a que o Jr esteja tocando, porque tem as músicas que eu gosto. Rs).
- Parar em um bar e jogar papo fora com qualquer pessoa. Delííícia!
- Comer pão de queijo, muitos. Bolinha de queijo bem gordurosa entra.
- Caminhar pela praia, parar na beirinha do mar e senti-lo nos meus pés, nas minhas pernas.
- Receber mensagens de texto no celular. Ôôô felicidade!
- Surpresas
- Ir a shows
- Programas “Zuluzais”.

É assim que eu gosto dos meus dias. São coisas simples. É só fazer algum desses que estou bem. Isso não deve acontecer só comigo.E, no entanto, a gente está sempre reclamando de algo. Vai entender! Queremos mais e mais. Colocamos sempre um ponto negativo nas situações.
Arrumei mais um exercício para me melhorar: quando estiver triste ou chateada, vou lembrar dessas coisas simples. Vou tentar fazê-las e esquecer da tristeza. Já sabia disto, mas é difícil cumprir, porém, não impossível!

Obs: Não consegui terminar de ouvir as músicas que estão mo meu computador. Precisarei de mais um dia como hoje. Eba!
E viva o incenso de canela!

Artista é o caralho!

Olha a chuva!

Jurema, Jurema!

quarta-feira, maio 31, 2006

Não se preocupe mais...
Com o que eu penso
Com o que eu quero
Com o que eu sinto
Com a minha inteligência
Com a minha imperfeição.

O mundo deu uma virada
E a minha vida foi junto.
Dei um soco na mesa,
Tudo foi pelos ares.
Vou recolher apenas o que me serve
Inovando, sempre.

Adeus?

terça-feira, maio 23, 2006

Ixi!

Se essa rua fosse minha...

As idéias passam no caminho da vida.
É difícil decidir uma direção.
Um sorriso escapa de repente
E uma lágrima perde-se no rosto.

Perceba nos meus olhos o que acontece...
Eles podem te falar tudo!
É só prestar atenção
E verá o motivo do meu silêncio.

De longe surge um som de violino,
Em seguida um arrepio
Que contrapõe a alegria e a dor,
Aquele sorriso e aquela lágrima.

No caminho da vida, escolho a rua da paz.
Enxugo a lágrima, levanto...
Mesmo sem ter um colo para esquecer do mundo,
Continuo a buscar a esquina da esperança, dos amores e sorrisos.

domingo, maio 21, 2006

Um conto... só nosso

Publiquei sem permissão...


"Você o Tempo Todo"
Num tempo longe, num tempo longe da cidade, longe dos mesmos, longe dos repetidos olhares de julgamentos. Distante, de casa, das manhãs no trânsito monótono, dos ambientes que não inspiram as músicas que se gosta de ouvir. Com alguém que afasta, afasta os pensamentos rudes, afasta os apertos do coração, afasta as desconfianças de si, as dúvidas sobre o que se pode e sobre até onde se pode. Deixando para trás, para trás qualquer resquício de mágoa passada, qualquer lembrança de pessoas que trouxeram tristeza, toda e qualquer imagem que não se faça ir adiante com esperança.
Quando se guarda o coração, guarda-se para que? Para onde se vai sem a certeza de que alguém irá conosco?
- Paloma, aonde você vai?
- Vou sair, e já estou indo!
- Volta quando?
- Logo, vou sumir uns dias mas volto. Não se preocupe que eu volto.
Deixara a barriga de fora, pensara: "Será que essa blusa combina com esse tempo?" Suas blusas combinam com qualquer coisa, Paloma. "Ah, que se dane, a blusa é minha e a barriga também!"
Os gatos passearam entre suas pernas como se soubessem que ela estava indo. E eles sabem, sempre sabem tudo sobre ela, são os que sabem mais. Tudo ao seu redor cheirava diferente, algo bem natural, como tangerina, não era bem isso, mas parecia. "Que cheiro gostoso! Estranho, de onde vem?" Ah, Paloma, você não sabe que quando seu rosto de charmes tantos está sorridente tudo cheira feito tangerina?
Ontem à noite ela ouviu tiros. Pela manhã, uma criança adoentada na calçada, um idoso sofreu uma injustiça na sua frente. O caminho da rodoviária foi penoso. A cidade está doente, as ruas estão cinzentas, as pessoas com feições preocupadas. Ela vai ajudar a mudar tudo isso, é o que deseja. Mas hoje não, hoje ela irá, isso, ela irá. Seu objetivo é restabelecer-se, recuperar tudo o que perdera, os bens feitos de vento, daquilo que não se pode tocar, todos esses bens que ela perdera por aí. Perdera nas suas apostas, nos seus últimos caminhos, nos trajetos sinuosos e desviantes pelos quais passara. Caminhos tais que também trouxeram virtudes: atenção, cautela, fortaleza, ânimo pelo novo. Cicatrizes são as marcas de um bom soldado, do soldado que luta sempre o bom combate. Está pensativa, um pouco inquieta. Logo passará. Quer reaver lentamente os dias de sua vida que passaram rápidos demais! Paloma ajeita o cabelo por sobre o ombro direito, respira fundo, tem uma caneta nas mãos, escreve qualquer coisa nas costas do banco na sua frente. A gente sempre escreve a vida por aí, nossas palavras quase sempre se perdem sem que alguém as perceba. Mas a gente ainda assim escreve, na esperança de que alguém nos leia, nos entenda e perpetue nossos sentimentos para a eternidade.
A viagem é longa e, no entanto, reconfortante. O vidro da janela permanece constantemente embaçado devido à chuva e ao ar-condicionado do veículo. Paloma tem sono. Descansa sua cabeça no colo dele, gosta de receber afagos na nuca, e cheiros na cabeça, e na mão. E nos dedos, e nas costas, e na orelha... Paloma é como seus felinos, manhosa, se faz de preguiçosa (quase sempre é, mas de vez em quando se faz apenas). Gosta de espreguiçar-se, de encostar-se às pessoas, como se tivesse perdido a noção de espaço. Seus cílios disformes enquanto tem sono só fazem realçar o encanto que é seu olhar afetuoso.
- Será que ainda vai demorar muito essa viagem? – ela pergunta.
- Acho que sim.
- Ah, que bom! – com cara de sapeca, feito uma criança.
Nunca um fim-de-tarde fora tão lindo. É seu terceiro dia longe de casa, perto de tudo. Ela anda descalça pela relva, há muita relva ao seu redor. Como quem nunca vira tais belezas, a garota visita cada árvore que vê, segura suas folhas, úmidas pela chuva dos últimos dias. Vai na direção do curso d’água. Um rio, límpido, ao lado de uma casa, quase inacreditável. Ela vai às pedras, senta numa das mais altas, e fica a observar a água que passa e que não vai voltar. Os pássaros que voam alto e que não vão voltar. O tempo que sopra seus cabelos numa brisa arrebatadora e que não vai voltar. De um instante para outro sente um aperto no coração, seus olhos enchem-se de lágrimas. Ela segura o pranto, seria um pranto novo, diferente, sobre-humano, tão óbvio, bem próprio de Paloma. Seria de alegria, seria parecido com aqueles que vêm quando gostaríamos que todos os nossos estivessem ali, mas não estão. É um lacrimejar de sossego, de descanso, depois de um contentamento indescritível que passara pelo coração. Calafrios lhe correm pelos braços. Ela ajeita o cabelo de novo, arruma a franja que prometera cortar (não corte não, Paloma!).
Pessoa nenhuma passa por perto. Segue um real distanciamento de tudo que se acostumara. Lembra da noite que passara. Entendera tudo o que dele sempre ouvira. Fecha os olhos e tenta lembrar dos detalhes, das risadas, do vinho chileno, das cócegas. Dos pães-de-queijo divinos, das palavras que ele soprara nos seus ouvidos, do jogo de sedução, da música que cumpria muito bem sua função de catalisadora daquilo tudo, dos toques de mãos, dos olhares promissores, dos abraços de proteção, do edredom ao chão, do frio do assoalho, dos beijos que lhe afastaram de todo medo. Levanta a barra do vestido rodado, azul, e coloca os pés na corrente de água fria, para transmitir aquela sensibilidade para todo o corpo. Arrepia-se, fascinante! Caso fosse um conto qualquer de ficção, o autor faria questão de colocar um esquilo, ou um coelho, passando por ela nesse exato momento, para detalhar e enfeitar mais a cena. Mas aí seria forçar a barra demais. Fica só a menina, a água, o vento, seu vestido rodado (quem diria) e seus pés descalços.
- Meu bem, entre logo, vai esfriar. Depois você vai se queixar daquela tosse chata! – ouve uma voz alta, rouca, vinda da varanda nos fundos da casa.
- Já vou, meu lindo!
Carregando as sandálias nas mãos, entra na cozinha, é agarrada de surpresa e solta um grito, seguido de uma risada contagiante. O cheiro da ervilha cozinhando e da lata de azeite aberta dominam o ambiente.
- Vou mudar de CD, posso? – pergunta a ele.
- E adiantaria se eu dissesse que não?
- Que horas tem? Escureceu rápido.
- Esquece o tempo, querida. Ele vem e some mesmo, só não pode nos dominar. O importante é não sermos os mesmos enquanto ele passa.
Paloma agora sorri. Ela preocupava-se porque andara sorrindo pouco nas últimas semanas. E todos os que lhe querem bem também sentiram falta do júbilo que era sua alegria contagiante.
Paloma gosta de coçar o cotovelo. Ela, quando pára e pensa em algo, nos seus momentos de abstração, tem esses gestos tão pequenos, singelos e divinamente fabulosos!
Paloma tem pintas por todos os lados. Parecem os retoques finais de um quadro único, daqueles que dominam uma parede inteira dos museus de obras raras.
Paloma bebe água a todo momento. Ninguém consegue definir muito bem o porquê, mas acredita-se que seja apenas um dos seus muitos cuidados com a saúde. Mesmo no frio, hidratar-se é importante (como aprendera com a mãe).
Paloma, às vezes, senta no chão, aleatoriamente! E o fizera de novo, mas "- Não faça isso, meu bem, o chão pode fazer seu nariz reclamar!"
Paloma fica saltitante quando está animada. Seus trejeitos parecendo infantis só realçam suas qualidades tantas de mulher madura, que já sabe o que quer. (Sim, agora ela já sabe o que quer).
- Ah, a água do chuveiro não esquenta, o que aconteceu? – ela reclama fazendo sua habitual manha.
- Meu Deus, que mulher complicada! – ele diz fazendo graça.
Ela lhe faz uma careta e sai dançando pela casa, deslizando suas mãos pelas paredes e levantando as cortinas. É hora de acender a luz, o dia já passou.

domingo, maio 14, 2006

É isso aí

Eu queria entender porque certos sentimentos são comuns a todos. Por que a reação que eles causam pouco variam de uma pessoa para outra?
Acho que é assim com a dor de perder quem se gosta muito. A gente acha que nunca vai passar. Que ninguém sente ou sentiu o que acontece dentro de nós. E que nunca será pior, nunca será mais forte.
Um engano... Estamos aí para passar por isso constantemente.
É estranho. Quem gosta de sofrer? Mas sempre volta!

"Quando nos trancamos na tristeza...
Nem nós mesmos nos suportamos...
Ficamos horríveis...
O mau humor vai comendo nosso fígado...
Até a boca fica amarga.Recomeçar... hoje é um bom dia para começar novos desafios."
Faxina na alma - Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, maio 02, 2006

O sentido da vida

Hoje foi um dia de muitos aprendizados, apesar de tê-los vivido algumas vezes. Quer dizer, vivi coisas parecidas. É como a história do rio que não passa duas vezes no mesmo lugar.
Conheci-me mais. Só isso bastava para o dia acabar e ver que valeu a pena o que passei.
Só que não foi só isso. Vivenciei algumas das minhas contradições. Vi que nem sempre determinado modo de agir é o correto. Que para cada momento há um jeito para se atuar. E, principalmente, que eu tenho muito a exercitar sobre essas escolhas para, assim, evitar as minhas burradas.
Aprendi a ser mais flexível e a abrandar meus impulsos. Isso é fundamental para o meu comportamento.
Percebi como sou sensível às minhas emoções. Elas, de uma forma ou de outra, se refletem, nitidamente, no meu corpo! Este reflexo foi doloroso, mas achei genial sentí-lo!
É bom perceber que está crescendo com as dores. Eu podia simplesmente ignorá-las, já que me feriram tanto. Só que não... estou tirando proveito delas. (Tá aí mais uma novidade para mim: ver o lado bom das coisas).
As várias mudanças que eu tenho passado estão me deixando feliz porque são para melhor. Espero que as pessoas que me acompanham percebam isto e confirmem esta melhora.
De resto, vou caminhando... e aprendendo!
"Não deixe o sol morrer
errar é aprender
Viver é deixar viver!"
Barão Vermenlho - Enquanto ela não chegar

segunda-feira, maio 01, 2006

Ser feliz, imprescindível, ser feliz!

As coisas realmente não acontecem, na maioria das vezes, como a gente quer, né?
Vamos vivendo, achando que tudo está bem. Estamos felizes. Até...
Não adianta fechar os olhos e pensar na solução errada para tentar aliviar a dor momentânea, para fazer da sua decisão a mais correta.
Também não adianta vivê-la e glorificar a melancolia.
O bom é sair por cima.
Porque temos muito o que viver...

"Sinto te falar, mas não tem jeito
Mesmo sem saber o que aconteceu direito
Sinto te informar
Sinto te dizer
Mas não tem jeito
mesmo sem saber direito
Sinto te informar, mas não tem jeito
Não
Acabou
E num instante se passou
Aconteceu antes de um segundo reverteu
e se lembrou o que viveu
Ser feliz
Imprescindível
Ser feliz
Imprescindível
Ser feliz..."

Escutem Bonsucesso samba clube! Essa é a música Sinto te falar

(Olha que sinto mesmo!)

domingo, abril 16, 2006

Mais uma vez é ela que fala por mim...

Metal conrtra as nuvens
Composição: Dado Villa-Lobos/ Renato Russo/ Marcelo Bonfá

I
Não sou escravo de ninguém
Ninguém senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz
Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
é a própria fé o que destrói.
Estes são dias desleais.
Sou metal - raio, relâmpago e trovão
Sou metal, eu sou o ouro em seu brazão
Sou metal: me sobe o sopro do dragão.
Reconheço meu pesar:
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
é a virtude em outras mãos.
Mas minha terra é a terra que é minha
E sempre será minha terra
Tem a lua, tem estrelas e sempre terá.

II
Quase acreditei na tua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.
Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo.
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.
Olha o sopro do dragão

III
É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir-
Eu quero a espada em minhas mãos.
Eu sou metal - raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal: eu sou o ouro em seu brazão
Eu sou metal: me sobe o sopro do dragão.
Não me entrego sem lutar -
Tenho ainda coração.
Não aprendi a me render:
Que caia o inimigo então.

IV
- Tudo passa, tudo passará
E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer.
Não olhe para trás -
Apenas começamos.
O mundo começa agora -
Apenas começamos.

sábado, março 25, 2006

Sem sacanagem

Inocência
Mundo Livre S/A

Azarar sem violência, mesmo que seja só por maldade
Paquerar com liberdade mas na maior inocência
Namorar sem malandragem, estraga o filme dá prejuíso
Copular sem sacanagem é um atalho do paraíso
Na inocência
Isso é sacanagem
Só por maldade
Mas pode ir dando adeus, a galinhagem, a malandragem, as cantadas baratas
Você não é mais dono do seu nariz
O aprendiz de Dom Ruan foi aposentado
Frequentar a casa dela, sinal de alerta, perigo a vista
Conhecer toda a família, olho na pista, olha o barranco
Expandir o patrimônio, não digo nada é um aviso
Contrair o patrimônio, é um atalho, não digo nada
Sem sacanagem
É um atalho
Pro manicômio
É hora de se despedir dos amigos, das baladas homéricas e das farras intermináveis
Você não é mais dono do seu tempo
Diga adeus ao mundo dos livres, seus dias de rei da noite definitivamente ficaram no passado
Mas o legal é quando mesmo depois de alguns anos de clausura, você acorda ao lado da sua amada e se descobre o felizardo
O legal man, é saber que todos os acidentes de percurso valem a pena quando lhe aproximam ainda mais da pessoa certa
O legal é ir dormir sabendo que ao acordar você poderá mais uma vez contar todas as pintinhas de sinais na pele da sua escolhida, só pra ter certeza
Só pra ter certeza que não esqueceu nada, que nada saiu da sua ordem
O universo e os elementos continuam conspirando a seu favor
E você continua reinando, reinando enquanto dorme

Voltei!
E ontem fi excelente. Teve Mundo Livre no circo, mas não fui. Fiquei pela Lapa em ótima companhia.

Gui, tô feliz por ti, hein!

Luana, agora tens um duplo trabalho: cuidem-se!

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Dentro de instantes serei expulsa do computador por meu querido e adorável irmão (um pouco de sarcasmo...) que vem resolver a vida dele nessa máquina.
Nem aqui, na outra casa, onde me refugio dos problemas daquela casa lá(e vice versa) eu tenho descanço!

Tô brincando! Quero muito a felicidade dele.

E o fds? Será que vem com tudo? huumm

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Eita!
Acordei hoje sem muita perspectiva de o dia terminar de alguma maneira boa. Fui surpreendida!
Recebi uma ligação do Guilherme para irmos a praia no fim da tarde.
Na ida, no ônibus, fui chegando a Copacabana e o tempo ia se fechando. Já estava rindo sozinha imaginando a chuva que íamos pegar.
Gui, eu e a irmã dele ficamos horas lá a conversar enquanto um com um fiapo de sol batia apenas em nós. Meu amigo, Zulu, chegou depois pra completar o time dos alcoólatras que contam suas histórias com muita satisfação. Rs
Entre muitas conversas, boas risadas e grandes ondas, as horas se passaram e só saimos de lá umas 8 horas.
Inenarrável dizer como esse fim de tarde foi tão gostoso.
- Meu coração continua cheio de alegria....

terça-feira, fevereiro 07, 2006

"Porque nasci, nasci para bailar..."

Alegria
Confete
Suor
Saia caindo
Blusa pro lixo
Sono
Dançar mais
La tequila
Chopes
Reencontros
Serpentina
Pessoas queridas
Conversas engraçadas

Essa foi a mistura que fez da noite passada inesquecível.
Há muito tempo não me sentia assim. A alma está lavada. Está limpinha, limpinha.
Sou só sorrisos, novamente.

O samba taí
Seu Jorge / Sérgio Pell

Disseram que o samba se perdeu
Onde será que ele esta
Dizem que ele foi seguindo adiante
Sem consultar a ninguém
Pra entender o samba
Voce não precisa sair de onde está
O samba taí
O samba tá
Tá no sangue daquele que sabe sambar
O samba tá aí
O samba tá
Tá no sangue daquele que sabe sambar
Tá no cacique de Ramos
No suvaco também tá
Tá no pé da igreja da Penha
No trem da central
Tá na praça Mauá
Tá no frevo em Recife
No Estates também tá
Fez história na Bahia
Dizem até que nasceu lá
Quando desceu lá do morro cumpadre
Ele desceu numa boa
Manifestou emoção
O samba andou de avião
O samba andou de canoa
O samba pintou o Sete
Com dama e valete
Sabe como é
O samba está na cabeça
Na palma da mão
E na sola do pé
Vou pedir pra São Jorge guerreiro
Que é meu padroeiro
Pra me abençoar
Tá no sangue daquele
Que sabe sambar
Vou pro samba de noite e de dia
E a preta sabia antes de casar
Tá no sangue daquele que sabe sambar

domingo, janeiro 01, 2006

Renovando as esperanças?

É. Chegou mais um final de ano que novamente passou muito rápido. A minha impressão é que os dias estão mais curtos, fazendo com que os meses e, conseqüentemente, o ano voe. Ou seria a quantidade de obrigações diárias que temos que fazer que se juntam com as horas de engarrafamento para se chegar ao trabalho (e faculdade) ou à casa? Nós temos muito mais deveres do que diversão...
Veio o Natal (que hoje tem significado de consumismo, camuflado pelo discurso do nascimento de Cristo, de momento de paz e amor e blá, blá, blá) e o raio do Reveillon (que sempre significou consumismo e que também é camuflado pelo blá, blá, blá de que devemos ter esperança, pregar a paz, o amor... Aquele discurso que as pessoas só seguem de fato neste dia, parecendo esquecer de fazê-lo durante o resto do ano...).
Bem, nesse período de festas resolvi me refugiar (ou tentar, né...) e viver diferente: não mudei minha rotina, vivi da minha maneira! Sim, porque nessa época, frequentar shoppings e viajar é normal. E parece que isso é uma obrigação, assim como não permanecer na sua casa na virada do ano é uma lei! Um saco tudo isso...
Ontem estava vendo uma entrevista com um filósofo e escritor e ele disse que há muitos jovens velhos. Isso se justifica porque "nascemos numa rede" e nela encontramos, dentre outras coisas, a obediência. Aos poucos vamos nos libertando e nos tornamos menos obedientes. Exatamente! Nascemos e nos educam mostrando o "certo" e "errado". Com o decorrer da vida, questionamos esses conceitos e, daí, alcançamos a juventude!
É assim que me sinto: uma velha. Mas, ao mesmo tempo, sinto romper com a obediência. Contesto mais e mais aquelas ordens aprendidas quando criança. Ainda bem...
Então, chegou a hora de interrogar. Interrogo o porquê me viram como uma extraterrestre durante esse tempo. Interrogo quem são as pessoas que querem ditar o que eu devo fazer ou as que julgaram minhas atitudes.
Não enche meu saco!
Ps: Agradecimento ao Diogo Comba pela ajuda em uma dúvida gramatical...