sexta-feira, julho 14, 2006

Quinta-feira, 13 de julho de 2006.

Eu fui...
O dia estava ensolarado como aqueles. Levantei correndo, tomei banho correndo, almocei correndo. Escolhi a roupa como se fosse encontrá-lo.
Ao sair de casa, escolhi o caminho que fazia quando queria refletir. E diversas vezes, o pensamento que me cercava era sobre ele.
O sol, quente. O céu, tão azul. O caminho, o mesmo. Eu, uma incerteza.
Seguia pelas mesmas calçadas, atravessava nos mesmos lugares, procurava as sombras de sempre. O meu ritmo era o de dois anos atrás. Só uma coisa tornou-se diferente: não vou te encontrar.


Cheguei atrasada, como de hábito. Fui recebida com abraços e carinho de antes. Sentei na cadeira ao lado daquela mesa. Vi as pessoas a passar. Desta vez, não me cumprimentavam.
Depois, meu querido amigo e confidente, Paulo, levou-me aos outros andares para ver as novidades. Quantas! Foi difícil assimilar tudo. Meu segundo lar por um ano e meio, meu cursinho, aquele cantinho acolhedor cresceu bastante! Agora tem cantina, quadra de futebol, ensino fundamental, ensino médio. Falta você.


Notei as mudanças...


Não há mais você na porta me esperando passar.
Não há mais você a me abraçar e me guiar pelo corredor até a sala.
Não há mais aquele olhar fixado em mim de “o que eu faço com ela?”.
Não há mais você segurando os pilots da forma que só você segurava.
Não há mais você me puxando pelo braço e no pé do meu ouvido dizendo a mesma coisa que, provavelmente falava para todas: “Ia te liga, sabia?”. (Esse “sabia”... você me fez perceber que quando eu não entendia algo, perguntava assim: “é o quê?”. Era a minha marca. E a sua era o “sabia”: cantado, rouco, conquistador, lindo).
Não há mais você com aquele sorriso no canto da boca, sarcástico.
Não há mais você a me convidar para tomar uma cerveja no “nosso bar”, “naquele de sempre”, com o “nosso amigo Paulo Eduardo”.
Não há mais você a escancarar como era indecisa, insegura, incerta, desconfiada.
Não há mais você a fingir que sentia ciúmes quando feri seu orgulho.
Não há mais você a me propor a frase esquisita: “vamos ficar juntos?”.
Não há mais você a me convidar para um cinema, utilizando como meios de convencimento todas as desculpas que eu já tinha dado.
Não há mais você para me chamar para ir a qualquer show, demonstrando que o importante era a minha companhia.
Não há mais você ao meu lado. E foi preciso te perder para notar o valor que tinha para mim.



Penso em quanto você ia gostar do meu crescimento pessoal e intelectual. O primeiro tive, setenta por cento, graças a sua ausência.
Nesse um ano te quis por perto em muitos momentos. Quis tirar dúvidas, matar saudades, trocar idéias, dizer o que faltou coragem.
Eu tenho certeza que agora você sabe disso tudo. Mas queria ter sido forte para demonstrar.
Por temer tanto meus sentimentos, acabei por sofrer e hoje enfrentei o “não-ter-você”. Eu te adorei e vou adorar para sempre.



Bem, a segunda parte do dia foi ótima! Na companhia de João Paulo Zulu não tem como não ser.
Vimos o filme Brasília 18%, no Odeon. Como o cachaceiro falou, é praticamente um documentário. Um retrato do funcionamento da política-corrupção do nosso país.
Surpreendente a mensagem que aparece no fim do filme: “Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança em nomes dos personagens ou história é mera coincidência”. Soltei uma gargalhada. A única.
Os nomes dos personagens são de grandes autores da nossa literatura (foi inteligente isso).
Na saída do cinema, umas cervejas com pai do Zulu, e diversos senhores amigos dele. Bem-humorados por sinal. Nem comentarei os discursos que ouvi!
Eu esqueci o nome do bar, mas segundo o pai do Zulu, era freqüentado por Vinícius de Moraes e Tom Jobim. Realmente tem um painel em homenagem a eles... Se bem que em homenagem ao pai do Zulu também. Rs. Tem uma foto dele lá.
As quintas têm apresentação de Bentinho Maciel. Um senhor com violão só tocando Bossa Nova. Uma delícia!

3 comentários:

Anônimo disse...

Sabe, eu vejo você mais mulher quando escreve (ou fala) desse jeito.

Juro que não escrevi aquilo, naquela vez, naquele tempo, daquele jeito, de propósito. É estranho, é como se eu já lhe soubesse antes de você se revelar. O dia seguinte ao que lhe enviei o conto catastrófico (que pena, né? a arte é assim...) foi o que ficamos mais próximos, desde... desde...desde que você me chegou feito a alvorada!

Viva aos nossos que se foram! E viva aos nossos que estão e que precisam de nós!

Eloqüência disse...

Viva você! O meu que está e precisa de mim.

"Alvorada
Lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo
É tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo
Tingindo, tingindo

Você também me lembra a alvorada
Quando chega iluminando
Meus caminhos tão sem vida
Mas o que me resta
É bem pouco, quase nada
Do que ir assim vagando
Numa estrada perdida"

João Paulo disse...

O nome do Bar é Vilariño